CHRONICLE
Elenco:
Michael B. Jordan, Michael Kelly, Alex Russell, Ashley Hinshaw, Alex
Russell, Anna Wood, Joe Vaz, Matthew Dylan Roberts
Direção:
Josh Trank
Distribuidora:
Fox Film
83 min.
Poder
sem Limites é um filme curto,
divertido porque tem um crescente de ação em boa medida e conta sua
história sem barroquismos e enrolações. Tecnicamente é
intrigante, pois usa o recurso de câmeras digitais (técnica
esgotada desde “A Bruxa de Blair”) com uma explosão de efeitos
especiais muito bem cuidados, dando a impressão de realidade ao
expectador (apenas bons em “Distrito 9” e “Invasão do Mundo –
Batalha de Los Angeles”).
Devemos
entender o filme Poder sem Limites na mesma linha de filmes
como Harry Potter e Star Wars, só para citar dois exemplos dentre
tantos filmes que contam a trajetória de crianças e adolescentes
que, descobrindo seus poderes, fazem escolhas para o bem ou para o
mal, podendo, com isso, destruir ou criar.
Dois
desses jovens (primos) desenvolvem uma amizade que beira à
“homossexualidade”, presumida pelo diálogo entre eles, simbólica
pela relação intimista que surge em todo adolescente (muito bem
observada por Françoise Douto, famosa psicanalista francesa de
crianças e adolescentes). Amizade que é abalada pelas escolhas que
fazem, tornando-se antagonistas e depois rivais, semelhante ao que
acontece com Harry Potter e Tom
Riddle (Voldermort) ou Luke Skywalker e
Anakin Skywalker (Darth Vader).
Um
é altruísta e nerd, chegando a citar filósofos e reflexões que
são metalinguagem no filme, ou seja, que indicam do que se trata a
narrativa do filme. Dois exemplos são a caverna de Platão e
Schoppenhauer, que representam o universo das representações
interiores. O outro tem um passado obscuro e cheio de problemas no
presente, logo, o poder sobe à cabeça e o seduz, ao ponto do amigo
avisar que ele deve tomar cuidado para não “se achar”, isto é,
acreditar na sua superioridade, no limite da arrogância. Isso fica
claro quando tenta justificar sua escolha para a destruição e morte
pela teoria da seleção natural. Assim como Tom Riddle e Anakin
Skywalker que mudam seus nomes para uma nova identidade (Voldemort e
Darth Vader), Andrew muda seu nome para Hunter (caçador ou predador)
porque acredita que é um “predador alfa”, que segue sua natureza
selvagem.
A
morte de um deles prepara o expectador para o embate final e expressa
o quanto o poder exige responsabilidade e, se mal usado, leva a
auto-destruição como a destruição dos que estão ao seu redor,
geralmente aqueles que você mais ama.
Não
precisamos ir mais longe para perceber que o filme é uma metáfora
das escolhas que adolescentes e jovens fazem todos os dias. Mesmo que
não tenham poderes especiais, potencialmente tem a capacidade de
mudar o mundo para o bem ou para o mal, a começar pelo seu próprio
mundo. Um jovem é potencialmente um grande criador ou um grande
destruidor, alguém que pode tocar o mundo ao seu redor de forma
indelével destrutivamente ou construtivamente. Assim fizeram Adolf
Hitler, Joseph
Stalin
ou Augusto Pinochet, tanto quanto Albert Einstein, Charles Darwin ou
Nelson Mandela. São apenas dois destinos, múltiplas possibilidades,
mas as escolhas são deles.
O
diretor, John
Trank, disse que seu filme tem uma clara influência de “Akira”,
popular mangá japonês de Katsuhiro Otomo, um clássico da cultura
cyberpunk, a mesma que influenciou filmes como “Matrix” e “Kill
Bill”. “Akira” se tornou um longa-metragem de animação em
1988 e sua história gira em torno de jovens com poderes
sobre-humanos, em especial o da psicocinética, o mesmo poder
retratado aqui. Semelhante ao que vemos em
“Akira”, Poder
sem Limites
revela a alienação de jovens que, de repente, não sabem o que
fazer com tanto poder e se perdem em suas escolhas eticamente
capengas. Não a toa vemos em uma das imagens de publicidade do
filme a frase “boys will be boys” (meninos serão meninos), isto
é, com muito ou poder nenhum, meninos sempre agirão como meninos,
faltando-lhes a responsabilidade de agir como homens. Por isso gosto
do título original do filme: Chronicle.
Todo jovem escreve a sua própria crônica, a sua própria trajetória
para o bem ou para o mal.
Um comentário:
Não imaginei que o filme teria tanta profundidade, achei que seria mais um filme chato de adolescentes bobocas querendo bancar os bons...rsrsrsrsrs...
Fiquei curiosa e vou assistir.
Bjs
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